para
Natália Parreiras
todo poema é nada
ante o céu claro
que te aguarda em dia
para
trazer tudo meu
que eu
larguei contigo:
todas as minhas noites
em claro
todos os tombos, tratos
e pedidos.
até a metade
do meu céu
ou a
metade
da tarde
do galo
da rua,
a metade
nua de mim.
todo verso é a metade
do verso remetido a ti
todo tempo é a metade
do tempo
que roubastes
todo poema é a metade
do poema que seria
ou a metade
do passo
do posso
do para
a metade
sua de mim.
nem todo começo
termina no fim
porque
nem tudo começa
onde se
pensa que sim
nem tudo completo
é poema
porque todo poema é nada
ante a metade do céu
existindo em ti.
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