25 de dez. de 2010

A saudade em três movimentos




I

manifeste-se
quem quiser saudade
quem quiser lembrança
ou por ânsia
conte o tempo em segundos
segundo a ansiedade.

II

faz falta
não fazer
não estar
ser só
saudade grande,
pequena.

III

ginga.
corto pra esquerda
balanço a rede
golaço.
a distância
natural impedimento
anula um gol
que eu não marcava há tempo.

minha trave
       - meu travessão -

é tua ausência desnecessária.

1 de dez. de 2010

Lírica desalinhada




olhar verdeja
ante face a frente
em bocas desalinhadas.

e o peito seja
lembrança farta a fio
em mente apaixonada.

barato o carinho
em rosto raro
emprestado.

caro destino
crido em medo
sonhado.

wake up
to reality
mas o sonho não acabou.

blue sky time
and my prize
é estar contigo ao sul.

olhar verdejante
frágil sorriso
memorado.

bem vinda vida nossa,
não seja o tempo contado.

(o teu sorriso
[de menina]
é sorriso-felicidade)

24 de nov. de 2010

Redentor rendido




erros meus, erros seus e de Deus também
estupidez, um erro simplório
a bola da vez, enterro, velório
do banco do ônibus ao carro importado
teu filho morreu? meu filho também

Palavras Repetidas -  Gabriel O Pensador


salve o cristo redentor
não passe do ponto o pão
de açúcar.

e cante o galo
nas vielas de ipanema.

fiquem em paz as meninas
de copa.

a sala de estar
não deixe de estar
muito de bem conosco.

salve o espanto dos poetas
e o dom das musas cariocas
cariocas, brasileiras.

deixe acesa a loucura
dos loucos
os cafés praianos
os carros, só carros, sem fogo
e apagado o fogo em botafogo
ou inhaúma.

as mangas
da mangueira
intactas, estáticas, protegidas

e as espadas dos nossos padroeiros
santos ou orixás
em punho heróico pronto
redentores de um redentor rendido

e dos debaixo dele.
perda total, por todos os lados

7 de nov. de 2010

Dear diary




A Vinicius, Tom, Cazuza, Zeca, Ferreira e Carlos
                                                                           
hoje
vim para contar
a vida (menina)
não é fácil de levar
mas se a vida
é para valer
quem será meu saravá!

esta bossa
é canção de amor
sem nascimento silva
sem cristo redentor

o tempo não para
e o poeta dispara
como bala perdida
procurando uma direção

e por você
eu largo tudo
já que o meu canudo
não passa de inspiração

que fique o não dito
dito pelo o que digo
sem dizer de verdade
ao pé do seu ouvido

dear diary

hoje
vim para contar:

deixo a vida me levar
e
a deus agradecer.

stop

a vida parou
para esperar você.

23 de out. de 2010

Condições






São jorge por favor me empresta o dragão
Djavan


e se você, de repente, casar comigo
caso contigo

o nosso caso carinho
é mais que casual

e se você, de repente, me abraçar
eu te abraço

os meus braços são mais braços
nos seus braços

e se você, de repente, enxergar paixão em mim
eu me apaixono

meu coração é mais coragem
sem seus medos menina

nosso diálogo é mais monólogo
enquanto falas sou só poesia

este poema é mais segredo
enquanto escrevo és só distração

ou só malícia.

Condições


São jorge por favor me empresta o dragão
Djavan



e se você, de repente, casar comigo
caso contigo

o nosso caso carinho
é mais que casual

e se você, de repente, me abraçar
eu te abraço

os meus braços são mais braços
nos seus braços

e se você, de repente, enxergar paixão em mim
eu me apaixono

meu coração é mais coragem
sem seus medos menina

nosso diálogo é mais monólogo
enquanto falas sou só poesia

este poema é mais segredo
enquanto escrevo és só distração

ou só malícia

17 de out. de 2010

A evolução da vida





Entendas que de mim nada terás
Verás de mim o que pode negar um esperto rapaz
Pois se a vida muda, a vida mudou
E se não tive o que quis,
Não terás o que não mais lhe dou.

Saibas que dói querer dizer não
Dói também escrever feliz esta negra canção
Pois não terás de mim o que nunca pediu.
Não dançastes os vis batuques que fiz
E meu samba de amor não lhe serviu

Sem mágoa, tristeza ou rancor
O que passa, passou
E se a vida foi quem quis assim
Assim será a vida: eu aqui
Você longe de mim.

Preciso partir, a cerveja esquentou
Mas eu percebi, você não brindou

Levante seu copo e olhe pra cá
Veja este sorriso que partindo você me fez dar

Sem mágoa, tristeza ou rancor
O que passa, passou
E se foi você quem decretou o fim
Assim será a vida: eu aqui

Você longe de mim.












11 de out. de 2010

Dedicatória




Parei de dedicar poemas
para então dedicar minha vida.

Aprendi que não se dedica
o que não quer ser dedicado.

Agora, para agradar o tempo
resolvi prometer sorrisos.

É mais fácil promoter sorrisos
do que chorar ou fazer chorar.

Não dedico mais poemas
nem dedico mais a vida.

Minha dedicação agora é não dedicar.



30 de set. de 2010

Num dado momento


Poema rascunho pelo
verso enterrado

Ponto (,) final num
dado momento:

o pulmão
duas mãos
(quatro)
o olhar
o ar
vários carros

num
dado momento
o poema em
terra(do)

ponto agora pingo
de um -i
maiúsculo inicial:
-Interesse

um novo período em construção
um novo rascunho
pelo punho aberto num

dado (e recebido) momento.

19 de set. de 2010

Humano em versos




Se fosse eu a minha poesia

Que felicidade teria!

Ao me declamar você com lindo sorriso
Ao me tocar você folheando-me

Que felicidade teria!

Ao penetrar sutil o teu coração
Ao existir em letras por tua inspiração

Que felicidade seria!

Se fosse eu muito mais que poeta
Se fosse eu humano em versos

Nas estrofes da tua poesia
Que felicidade seria!


(por Dênis Rubra)

10 de set. de 2010

Praça Pio Dez




Praça Pio Dez
Mergulhado às águas
                                   chafariz
Dez vezes caminhado
Calado
             feliz sem pio algum
Pensei cá comigo:

Não te quero Praça

Santidade ignorada
Visto o mar da Guanabara
Sou peixe novo a descobrir
Que o mundo é mais que continente
E o mar feito de Contini

Sou sambista bamba de uma roda
                                                       roda a saia da mulata
Roda a roda à vida
Voltei do mar para dizer

primeiro:

O meu             se perdeu
             bloco
O meu Samba soou alto
Nesta praça, eu não danço mais
Sou mais o João Paulo

segundo:

               da    
A saia ro       da mulata
               da    
Tonteou meu coração

Por demais rodado
Sou pagão vil de um carnaval

Que só quer sambar na roda
Que só quer da roda
                                 a mulata
e da mulata
                    o samba.



(por Dênis Rubra)

9 de set. de 2010

Cerveja ou não veja




Lábios de cevada
Cerveja ou não veja
Eis a questão

Bebo ou não bebo
A cerveja e a visão
Invasões diluídas
No meu bar particular

Bebo ou não bebo
Nesta vida somente
Bocas, barris
Bêbada ilusão.

Cerveja ou não veja
Eis a questão.


(por Dênis Rubra)



7 de set. de 2010

Que pátria?



Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

Gabriel O Pensador


Ar seco invernal
Responda agora, ou se cale:

Morrer ou viver
Por essa puta pátria anal?

Morrer ou viver
Pelas meninas da bandeira?

Morrer ou viver
Pelo mar da guanabara?

Viver é morrer
Pelos muleques da mangueira

Morrer é viver
Pelo olhar do amanhã.

Brasil, quem te pariu
Foi a pátria que, falando sério, irmão:

nunca existiu.


6 de set. de 2010

Santo papel da poesia

  


O Fluminense é poesia
A voz sonora da torcida é rima
Verde, branco e grená versos
Quando encarnados na carne guerreira tricolor
É estrofe preparada à guerra num gramado santo


Santo papel da poesia.


O Fluminense é poesia
O poeta, mais de um, é onze mais multidão
Poesia artilheira, inspirada no grito ofegante, colorido
De poetas a cantar:
Sou tricolor de coração.



(por Dênis Rubra)

29 de ago. de 2010

Bala doce







Não reparei teu coração
Quero falar do teu peito


Daquela bala murcha, hora dura,
Desmanchada na minha boca


Quando chupada em meu leito
E mergulhada em Tesão.


(por Dênis Rubra)

24 de ago. de 2010

Delícia de olhar


Um dia poderei dizer o que não digo
Poderei o que não posso, já que o tempo é desigual


Um dia, quando me alcançar o equilíbrio
For você como eu, assim mortal


Aí serei jovem vivido
Pronto para viver contigo este olhar bandido


Enxergado na imortalidade dos nossos olhares...


(e que delícia é te olhar)

21 de ago. de 2010

Lançamento - Poetisando a vida / Voz

Obrigado, muito obrigado a todos que viveram comigo um dos momentos mais especiais destes longos 19 anos de vida.
O lançamento do "Poetisando a vida" foi um sucesso. As fotos estão disponíveis no picasa: http://picasaweb.google.com/flavsparadise/081210LancamentoPoetisandoAVida#
O trabalho está apenas começando. Muita coisa boa vem pela frente. Qualquer novidade que surgir será divulgada no blog, é claro. Novamente, muito obrigado!
Continuando a vida... A Poesia não pode parar!
Começando uma nova fase, gostaria de compartilhar com vocês um novo poema.
Espero que gostem.
Felicidade e até logo,
Dênis Rubra.
______________________________________
Voz
Melhor que ouvir tua voz
Seria calar tua boca
E ouvir dos teus lábios
Os meus pensamentos
Voz grave doce
Vem calar esta cama azeda
Voz calada boa
Grite neste ouvido
O tesão do pensamento.

17 de ago. de 2010

Lançamento - Poetisando a vida

Gente, O lançamento foi um sucesso! Em breve postarei um texto de agradecimento e as fotos daquele dia incrível. Por hora, quero divulgar para vocês o site da Editora Multifoco, onde vocês podem comprar o meu livro querido, "Poetisando a vida". O endereço é: www.editoramultifoco.com.br Obrigado a todos e até mais, Dênis Rubra.

6 de jul. de 2010

Lançamento - Poetisando a vida

Amigos,
Durante quase dois anos postei neste blog os poemas que a vida fez o favor de inspirar. E, agora, o cotidiano poetisado aqui será impresso em livro publicado pela Editora Multifoco.
Vocês não sabem o prazer que tenho em convidar todos para a noite de lançamento do meu primeiro livro, Poetisando a vida.
DIA 12 DE AGOSTO, ÀS 20 HORAS, espero todos no ESPAÇO MULTIFOCO, AV. MEM DE SÁ, número 126.
Perceberão que o livro traz alguns dos poemas postados aqui, mas, diferentemente do blog, a versão impressa do Poetisando a vida está divida em quatro capítulos que, como diz Masé Lemos no prefácio que escreveu, tentam buscar a poesia não no transcendente, mas aonde existe vida concreta.
Qualquer dúvida sobre o lançamento é só deixar um comentário neste post.
Conto com todos vocês,
Abraços,
Dênis Rubra.

26 de jun. de 2010

Poema alcoolatra

misture num ser humano: três minutos de ilusão

cinco segundos de nostalgia

sete doses de Martini.

mande-o vagar por trinta minutos

nas avenidas do bom batuque.

adicione um quarto de boa menina

e sinta o calor de dois corpos tropicais.

verás que por toda a vida

não há porquê negar a morte.

a batucada com Martini

ressuscita até quem não morreu.