17 de abr. de 2011

Corda




acorde
na corda
bamba da
vida.

se jogue
simule
faça, e cure,
ferida.

pule
da corda
firme da
esquina.

se cale
se fale
se ame

esqueça
se lembre
se came.

acorde
na corda
bamba da
vida

se deixe
não queira
se queira
se viva.

se foda
e fode
num fode,
querida.

e goze
acorde
na cama
da vida.

e chore
se pode
chorar
na avenida.

e chore
se mate
esqueça da
vida.

e volte
acorde
na corda da
vida.

e vide
a corda
que rege
a vida.

se bambe
se baste
se jogue
pra cima.

se vire
arranque
um pedaço
da vida.

se jogue
mergulhe
se afogue

e pare
respire
se sinta
querido.

se queira
não queira
da vida
o infinito.

se finde
entenda
que o fim
é finito.

se guarde
se corde
se bambe

acorde
na corda
bamba da
vida.

formei meu sound
do seu silêncio

meu ezra pound
e aznavour

pele seca
do seu suor
pele preta
mas incolor

um blues sem nota do rock'n roll
batuque pop do seu não vou

formei meu som
daquela cena
pornochanchada de um poema
de um poema que caducou.








3 de abr. de 2011

Acordar




deixo às canções
o tom desesperado
das manhãs
e a desarmonia
dos lençóis.

o espelho a revelar-se
ante os olhos
                      - a se acordar -
deixo o som
da cama ruída
deixo os sonhos
que não sonhei, deixo até

aquela coisa inexplicável que enche a alma
no primeiro segundo de pesadelo
                                                   - que é não dormir -

devidamente vivo
para morrer