24 de mai. de 2011

black e berre




o poema está em qual das faces do papel
das telas dos vidros dos fatos.

o poema black berra
ante o marasmo dos tempos

vire a esquerda
acredite nos jornais

acredite na vida
neste mundo tablet.

só o poema ensina:
                               felicidade infinita não cabe

no mendigo sem perna na esquina
no encosto da via dos carros;

só o poema ensina
às telas dos vidros dos fatos

e o mendigo sem perna na via
perdido na face dos fatos,

qual face mentira fragmento
do poeta mendigo do tempo.

zuckerberg me seja gentil
dá-me a senha da face dos fatos.

17 de mai. de 2011

poeta ao mar




e a tempestade
de verso e fuga

e a marisia
da orla muda

ao menos sabe
a calmaria
           das ilusões

nada poeta,
que todo poeta,

involuntário se entrega
de cabeça aos tufões.

9 de mai. de 2011

a mariposa na sala de aula



o ópio do poeta passou
camões quem sabe passará
o quadro negro embranqueceu
osama, pobre, foi pra lá.

poderia até não existir
a calcinha rosa da menina à frente
mesmo castro não sabia
dessa gente, do carnaval.

dezenove não é vinte nem vinte um
cada tempo no seu século secular
quanta margem, quanto segredo
não se pode mesmo afirmar?

só a mariposa em seu sossego
voa livre
até morrer.



6 de mai. de 2011

papel-poema



como pôde a sua mão multiplicar
o cabelo pairar sobre a cabeça alheia
onde estou
onde estás?

estarão por acaso os meus fios
na pele de suas faces negras?
se há por aí os meus dedos,
                                           por aqui
o que flui agora nas veias?

o poema de tão muito perdido
fez-se tanto mas repentino
                                         num papel que rasgou-se de espanto.

2 de mai. de 2011

entardecer



a lagoa nadou
sobre nós
como brilhávamos
sobre o sol ofuscado
do entardecer

é tarde
para as tardes
no arpoador
é tarde
e o amanhã
se esqueceu

nas tardes
a lagoa se afogou,
morreu
o que nos fez nascer