31 de jan. de 2011

Ou





ser fraco
humano
forte pronto
à covardia.

a vida em desengano
engana a vida
ou
o tempo, quando passa,
se acovarda diante o precipício?

acerta quem erra sabendo
que no fim do penhasco
o sol não brilha?

erra quem acerta
o mar na escuridão
da orla muda?

ser forte
humano
fraco pronto
à tentativa

a vida engana o tempo
engana a vida
ou
o tempo é o criador
dos precipícios?

acerta quem pode
erra quem quer

a vida em perguntas
nunca será exclamação.


25 de jan. de 2011

Aviso





É que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perde sem engano

Cazuza e Bebel



Boca travada
Peito em batida
forte.

A poesia agora
é manifesto.

O corpo há tempo:
apenas gesto

(que fala em prol
das cordas vocais)

Gesticulação involuntária
Gritante o olhar
que sem engano, perde
ou sem engano, ganha

E dizer devagarinho
na batida
forte
do coração
em manifesto
poema e gesto
pela trava da boca sem cor
pelo aviso gentil
gesticulado:

ei, o amor chegou.

17 de jan. de 2011

De amor e de esperança, a terra desce




o espanto geral da nação
não é a solução.

é o brado retumbante
de um povo herói às margens
de qualquer rio transbordado.

é o sonho intenso, o raio vívido
o amor e a esperança
em terra que desce.

é a grandeza pela natureza
a beleza e força
espelhadas no futuro.

é o bosque, o campo
o seio da mãe gentil encharcado
o berço sem qualquer esplendor.

são os filhos do solo símbolo de amor eterno
os que pedem a paz agora, a glória como resultado.

o espanto geral da nação
não é a solução

entre outros mil,
o filho que não teme a morte
morreu sem ter tempo de temer.

a solução,
brasil,
é querer.

12 de jan. de 2011

O grito




escrevo um poema
que me corte a garganta ao recitá-lo
e sangre os ouvidos chegando ao fim
que grite aos carros, da janela:

ei, eu estou aqui!

a última lembrança
o derradeiro brilho no olhar
e vida em pele, carne viva
que possa dizer
(vocês podem me ouvir!)

:ei, eu estou aqui!

num milésimo de segundo
tudo vai, desmorona
vai, fica o mundo
para lembrar, relembrar:

ei, eu estou aqui!


um poema que habite a cidade vazia no mar
que fale
sem pestanejar
(eu não pestanejo!)

:ei, eu estou aqui!

o pingo da garoa na Índia
a formiga, incansável, a trabalhar
passarinho, cante comigo
e não desista!:

ei, eu estou aqui!

alguma palavra que faça ferida
que cure os males - pseudo males -,
de pseudo pessoas - em pseudo vidas -,
que não enxergam,
(elas não veem!)

:ei, eu estou aqui!

a vida em nuances percebidas
arte em fluxo livre
em fluxo pronto
em voz gritante:

ei, eu estou aqui!

escrevo um poema
que me escreve