escrevo
um poema
que
me corte a garganta ao recitá-lo
e
sangre os ouvidos chegando ao fim
que
grite aos carros, da janela:
ei,
eu estou aqui!
a
última lembrança
o
derradeiro brilho no olhar
e
vida em pele, carne viva
que
possa dizer
(vocês
podem me ouvir!)
:ei,
eu estou aqui!
num
milésimo de segundo
tudo
vai, desmorona
vai,
fica o mundo
para
lembrar, relembrar:
ei,
eu estou aqui!
um
poema que habite a cidade vazia no mar
que
fale
sem
pestanejar
(eu
não pestanejo!)
:ei,
eu estou aqui!
o
pingo da garoa na Índia
a
formiga, incansável, a trabalhar
passarinho,
cante comigo
e
não desista!:
ei,
eu estou aqui!
alguma
palavra que faça ferida
que
cure os males - pseudo males -,
de
pseudo pessoas - em pseudo vidas -,
que
não enxergam,
(elas
não veem!)
:ei,
eu estou aqui!
a
vida em nuances percebidas
arte
em fluxo livre
em
fluxo pronto
em
voz gritante:
ei,
eu estou aqui!
escrevo
um poema
que
me escreve
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